Clara ouviu o despertador tocar. Eram seis e quinze. Espreguiçou-se lentamente e, de repente, se viu envolvida por um braço quente e pesado. Sentiu um sopro quente no ouvido, que vinha acompanhado de uma voz doce e ao mesmo tempo forte.
- Não vai correr hoje não, amor. Fica deitada comigo mais um pouco!!!
- Ah querido, você sabe que, pra mim, isso é sagrado!
- Ai, eu não entendo isso. O que tem de mais em deixar de ir um dia? Você está em ótima forma, nem precisa disso tudo.
- Você está cansado de saber que eu não vou só pela boa forma.
- Ah sim... Você vai ver o mundo; a vida acontecer e blábláblá...
- Pois é. Isso e mais um pouco. Mas, deixa pra lá... Você não entende! Tenho que ir.
Levantou, tomou uma ducha fria, vestiu uma camiseta de malha branca e um shorts azul marinho. Calçou o tênis e fez um rabo de cavalo nos cabelos. Foi até a cozinha, pegou uma maçã e foi comendo enquanto descia o elevador do prédio, que ficava em Ipanema.
Chegando à orla, alongou-se sem pressa. Olhou para o mar, respirou fundo e começou a corrida. Enquanto corria, ia observando tudo a sua volta. Do seu lado direito aquele horizonte perfeito e no esquerdo, o Rio de Janeiro mostrava já estar acordado.
Não parava de correr e seus olhos, muito vivos, filmavam tudo que podiam.
Viu quando um surfista chegou à praia, se benzeu e reverenciou o mar antes de entrar na água. Alguns metros depois, viu uma moça em um carro, que tocava insistentemente a buzina, como se aquilo fosse fazer com que todos os outros carros a sua frente sumissem. Mais à frente, observou, sentados em um banquinho no calçadão, um casal de idosos. Eles estavam de mãos dadas, conversavam e sorriam. Debaixo de outro banco,um menino sujo, tremendo de frio, dormia. Logo depois, viu uma mulher sorridente, caminhando na areia com um bebê no colo.
Foi diminuindo o ritmo até parar. Curvou-se, apoiando as mãos nos joelhos, enquanto desacelerava a respiração. Pronto. Ergueu-se e viu que Seu João vinha em sua direção, trazendo um coco e um canudo.
- Bom dia, Dona Clara! Trouxe pra senhora.
- Obrigada, Seu João. O senhor é o melhor vendedor de coco dessa cidade!
- Que nada! O dia está bonito, não?
- Lindo. Muito lindo!
Tomou a água de coco e olhou para o relógio. Tinha que ir pra casa tomar banho e ir trabalhar. Pagou Seu João e foi falando, enquanto tomava o caminho de volta:
- Até amanhã, Seu João! Bom trabalho pro senhor!
- Ora! A senhora vai embora sem me falar o que viu enquanto corria hoje?
Ela sorriu e disse:
- Ah... Hoje eu vi respeito, estresse, cumplicidade, descaso e o amor mais verdadeiro.
- Opa, então a corrida foi produtiva!
- Sempre é, Seu João. Sempre é!!
- Não vai correr hoje não, amor. Fica deitada comigo mais um pouco!!!
- Ah querido, você sabe que, pra mim, isso é sagrado!
- Ai, eu não entendo isso. O que tem de mais em deixar de ir um dia? Você está em ótima forma, nem precisa disso tudo.
- Você está cansado de saber que eu não vou só pela boa forma.
- Ah sim... Você vai ver o mundo; a vida acontecer e blábláblá...
- Pois é. Isso e mais um pouco. Mas, deixa pra lá... Você não entende! Tenho que ir.
Levantou, tomou uma ducha fria, vestiu uma camiseta de malha branca e um shorts azul marinho. Calçou o tênis e fez um rabo de cavalo nos cabelos. Foi até a cozinha, pegou uma maçã e foi comendo enquanto descia o elevador do prédio, que ficava em Ipanema.
Chegando à orla, alongou-se sem pressa. Olhou para o mar, respirou fundo e começou a corrida. Enquanto corria, ia observando tudo a sua volta. Do seu lado direito aquele horizonte perfeito e no esquerdo, o Rio de Janeiro mostrava já estar acordado.
Não parava de correr e seus olhos, muito vivos, filmavam tudo que podiam.
Viu quando um surfista chegou à praia, se benzeu e reverenciou o mar antes de entrar na água. Alguns metros depois, viu uma moça em um carro, que tocava insistentemente a buzina, como se aquilo fosse fazer com que todos os outros carros a sua frente sumissem. Mais à frente, observou, sentados em um banquinho no calçadão, um casal de idosos. Eles estavam de mãos dadas, conversavam e sorriam. Debaixo de outro banco,um menino sujo, tremendo de frio, dormia. Logo depois, viu uma mulher sorridente, caminhando na areia com um bebê no colo.
Foi diminuindo o ritmo até parar. Curvou-se, apoiando as mãos nos joelhos, enquanto desacelerava a respiração. Pronto. Ergueu-se e viu que Seu João vinha em sua direção, trazendo um coco e um canudo.
- Bom dia, Dona Clara! Trouxe pra senhora.
- Obrigada, Seu João. O senhor é o melhor vendedor de coco dessa cidade!
- Que nada! O dia está bonito, não?
- Lindo. Muito lindo!
Tomou a água de coco e olhou para o relógio. Tinha que ir pra casa tomar banho e ir trabalhar. Pagou Seu João e foi falando, enquanto tomava o caminho de volta:
- Até amanhã, Seu João! Bom trabalho pro senhor!
- Ora! A senhora vai embora sem me falar o que viu enquanto corria hoje?
Ela sorriu e disse:
- Ah... Hoje eu vi respeito, estresse, cumplicidade, descaso e o amor mais verdadeiro.
- Opa, então a corrida foi produtiva!
- Sempre é, Seu João. Sempre é!!
Música de hoje: Bittersweet Symphony - The Verve