quinta-feira, 26 de junho de 2008

Vendo o mundo


Clara ouviu o despertador tocar. Eram seis e quinze. Espreguiçou-se lentamente e, de repente, se viu envolvida por um braço quente e pesado. Sentiu um sopro quente no ouvido, que vinha acompanhado de uma voz doce e ao mesmo tempo forte.

- Não vai correr hoje não, amor. Fica deitada comigo mais um pouco!!!
- Ah querido, você sabe que, pra mim, isso é sagrado!
- Ai, eu não entendo isso. O que tem de mais em deixar de ir um dia? Você está em ótima forma, nem precisa disso tudo.
- Você está cansado de saber que eu não vou só pela boa forma.
- Ah sim... Você vai ver o mundo; a vida acontecer e blábláblá...
- Pois é. Isso e mais um pouco. Mas, deixa pra lá... Você não entende! Tenho que ir.

Levantou, tomou uma ducha fria, vestiu uma camiseta de malha branca e um shorts azul marinho. Calçou o tênis e fez um rabo de cavalo nos cabelos. Foi até a cozinha, pegou uma maçã e foi comendo enquanto descia o elevador do prédio, que ficava em Ipanema.

Chegando à orla, alongou-se sem pressa. Olhou para o mar, respirou fundo e começou a corrida. Enquanto corria, ia observando tudo a sua volta. Do seu lado direito aquele horizonte perfeito e no esquerdo, o Rio de Janeiro mostrava já estar acordado.
Não parava de correr e seus olhos, muito vivos, filmavam tudo que podiam.
Viu quando um surfista chegou à praia, se benzeu e reverenciou o mar antes de entrar na água. Alguns metros depois, viu uma moça em um carro, que tocava insistentemente a buzina, como se aquilo fosse fazer com que todos os outros carros a sua frente sumissem. Mais à frente, observou, sentados em um banquinho no calçadão, um casal de idosos. Eles estavam de mãos dadas, conversavam e sorriam. Debaixo de outro banco,um menino sujo, tremendo de frio, dormia. Logo depois, viu uma mulher sorridente, caminhando na areia com um bebê no colo.

Foi diminuindo o ritmo até parar. Curvou-se, apoiando as mãos nos joelhos, enquanto desacelerava a respiração. Pronto. Ergueu-se e viu que Seu João vinha em sua direção, trazendo um coco e um canudo.

- Bom dia, Dona Clara! Trouxe pra senhora.
- Obrigada, Seu João. O senhor é o melhor vendedor de coco dessa cidade!
- Que nada! O dia está bonito, não?
- Lindo. Muito lindo!

Tomou a água de coco e olhou para o relógio. Tinha que ir pra casa tomar banho e ir trabalhar. Pagou Seu João e foi falando, enquanto tomava o caminho de volta:

- Até amanhã, Seu João! Bom trabalho pro senhor!
- Ora! A senhora vai embora sem me falar o que viu enquanto corria hoje?

Ela sorriu e disse:
- Ah... Hoje eu vi respeito, estresse, cumplicidade, descaso e o amor mais verdadeiro.
- Opa, então a corrida foi produtiva!
- Sempre é, Seu João. Sempre é!!

Música de hoje: Bittersweet Symphony - The Verve

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Mulheres



Larry: - Alice, tell me something true!!
Alice: - Lying is the most fun a girl can have without taking her clothes off, but it's better if you do!

Closer

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As vezes acho que as mulheres não acreditam que elas podem TUDO! Cara, elas tem o poder nas mãos. Seduzir um homem não é algo tão complicado quanto a maioria acha. Vejo um monte de meninas por aí, choramingando porque seus namorados ou pretendentes não estão agindo como o esperado, quando elas podem perfeitamente inverter a situação; colocar tudo à seu favor! Na verdade, acho que todas nós sabemos disso, mas quando estamos apaixonadas, esquecemos! Por que não conseguimos nos manter a garota do inicio da relação? Que gosta da conquista e sabe provocar? A gente sempre acaba se acomodando?

Ai ai...


Paulo, você que é o mestre sedutor, o que tá faltando prá mulherada? Aliás, pergunto a todos. O que vocês acham?
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Que bom que gostaram de ouvir Audioslave aqui! Agora, a cada post vou colocar uma musica.
A de hoje é: Don't Stop Me Now - Queen

terça-feira, 24 de junho de 2008

Eu quero!


Eu quero poder acordar e ver que tudo que eu sempre quis prá mim e pro mundo, se tornou exatamente, o que eu sonhava.




segunda-feira, 23 de junho de 2008

Inverno!



O inverno aqui no Brasil começou na sexta (20/06).

Hoje, sete horas da manha e o despertador toca. Ah nãããããão!!! Como eu queria ter dormido mais e mais! Ainda mais depois de um fim de semana agitado como esse. E com esse frioooooooo... Bruuuuuuuuuuuuuu!
Como o frio deixa a gente mais preguiçoso, né? Ahh, mas vou ser bem sincera. Eu sou muito mais um friozinho do que aquele calor infernal que toma conta da minha linda cidade maravilhosa. É melhor prá dormir (não prá acordar), prá comer, prá sair na rua... As pessoas se vestem melhor. Ficam mais elegantes e bonitas! Ai, eu adoro!!

Queria morar lá no Sul, onde o frio é bemmmmmmmmmmmmmmmm mais frio!

E ae, como está o tempo onde vcs moram ?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Duas vidas

"Vóóó... Você tá usando a mesma cor de esmalte que eu!!! "



Tombos até aprender
Tranquilidade que só a experiência traz
Olhares vivos
Olhares perdidos
Uma vida inteira pela frente
Uma vida inteira já vivida

A história do meu menino Jesus

Uma amiga me mostrou isso ontem. É bem grande, eu sei. Mas vale muito à pena.
Vejam que lindo:

VIII - O Guardador de Rebanhos



Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas...
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou –
«Se é que ele as criou, do que duvido» –
«Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres.»
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,

Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam



O guardador de rebanhos - Alberto Caeiro