terça-feira, 3 de março de 2009

Existem coisas e pessoas que temos que deixar ir...

Sentada de pernas cruzadas estilo borboleta, na ponta direita de um banco de cimento, em meio a um jardim maravilhoso, Joana, com um nó nos lindos cabelos lisos e vermelhos, observava tudo a sua volta. Pessoas vestidas igualmente a ela, envolvidas por seus amigos e familiares. Não sabia que horas eram, já que não podia usar relógio, mas isso não a impedia de saber que ele estava atrasado. Passados alguns minutos, quando seu pensamento distraído a levava a observar outras coisas e formas, ele apareceu. Cabelo arrepiado, alto, magro e irônico, como sempre. Sentou-se na ponta esquerda do mesmo banco. Relaxado e divertido.

- Olá, sardentinha!!!
- Qual o motivo do sorriso largo, Léo? Você está atrasado. Sabe disso, não?
- Culpa sua, oras! É nisso que dá ficar pensando em mim o tempo todo...
- Hein!? Sua modéstia foi dar um passeio e esqueceu de te levar junto?
- Ha ha ha ha! Seu humor está ótimo hoje, hein! Mas, sério, você sabe que eu só posso aparecer quando você está distraída.
- Eu sei, mas é que eu tenho me sentido muito só. Há algum tempo que mais ninguém, além de você, vem me ver.
- Apenas tente ficar o mais relaxada possível, ok?
- Não sei... Aqueles remédios que tenho tomado não me fazem bem. Ao invés disso, me deixam mais ansiosa. Não vejo a hora de sair desse lugar. Você precisa me ajudar.
Com um olhar baixo e engolindo seco, Léo perguntou:
- É isso mesmo que você quer? Achei que gostasse desse jardim!
- Ahhhh... Essa é a parte boa. Esse jardim, essas margaridas... é tudo realmente lindo. Mas, as pessoas daqui são meio piradas. Falam, choram e riam sozinhas!
- É. Deve ser complicado mesmo. Ihhh!! Ta vindo aquela médica enjoada.
- Era só o que faltava agora!


A médica caminhou até parar diante de Joana. De braços cruzados e sorriso no rosto, perguntou:

- Como está se sentindo esta manha, querida?
- Bem. Muito bem, Dra Helena. Alias, não sei, sinceramente, o que estou fazendo aqui.
- Ora, você está aqui para descansar e, creio eu, que isso esteja lhe fazendo bem.
- Sim, que seja. A propósito, este é meu amigo Leonardo.


Léo acenou com a cabeça sem vontade e deu um sorriso de canto de boca. Sabia que aquilo não faria diferença. A médica olhou incrédula para o local onde Joana sugeria que seu amigo estava, acenando sem graça e voltou novamente sua atenção para a paciente:

- Bem, vou vou dar uma andada por aí. Depois conversamos mais! Qualquer coisa me procure.
- Vai esperando...


Depois que a médica saiu, Leo ficou bem quieto e Joana esperou que ele falasse alguma coisa ou soltasse alguma piada, o que era normal acontecer.

- E aí? Não vai dizer nada? Não vai comentar que o branco do jaleco dela estava branco demais?
- Ih. Não reparei nisso hoje.
- Eu hein... Tá pensando em que? Tá muito calado.
- Nada não. É que eu vou ter que viajar.
- PRA ONDE? PORQUE? VAI DEMORAR MUITO TEMPO?
- Acalme-se! Sem escândalos. Tenho que visitar a família em um lugar muito longe.
- Tá! Mas... você volta logo, né?
- Provavelmente, eu nem volte.
- Você só pode estar de brincadeira, né? Você é o único que sempre esteve comigo desde pequena. É o único que me ama.
- Isso não é verdade. Você tem pais, irmãos e até cachorro.
- Rá! Sim, claro! Como se você não soubesse que eu briguei com todos eles. E que, eles não ligam mais para mim.
- É claro que eles ligam. Está na hora de você cair na real. Entender que eles sempre quiseram o seu melhor. Tudo bem que, de repente, não fizeram isso da melhor forma, mas todos que amam, metem os pés pelas mãos.
- Eu não to entendendo nada! Você sempre me apoiou e agora vem com esse papo.
- Ta ficando tarde, eu preciso ir.
- Você vem amanha?
- Não. Viajo hoje ainda. Vou encontrar os meus, e seria bom que você fizesse o mesmo. Está mais do que na hora de cada um seguir o seu caminho. Só nunca se esqueça que eu te amo, Sardentinha. Nunca!


Leo se levantou e apertou Joana em um abraço. Deu um beijo em sua bochecha encharcada de lágrimas que não podia sentir e foi embora, para sempre.
Joana chorou mais alguns dias sem parar e depois de 2 meses, teve alta.

7 comentários:

Murdock disse...

Bem bolada a história, gostei.
Lembrei do filme "Uma mente brilhante".

Karina disse...

Pensei na mesma coisa que o Murdock.
To de volta (tá, to mentindo...to tentando estar de volta).
Ficou lindooooooo, lindo, lindo de morrer o seu blog!! Nhaaa...mto fofo^^
Parabéns de quebra pra Manô.
Bjinhos

Dani disse...

Ih é gente!! Agora que vcs falaram, e eu lembrei do filme... Vocês estão certos!

Hahahaha!

Patricia disse...

1 - amei o texto, na verdade eu lembrei do Paulo ( viu que elgio!!! )
2 - Que eu amei o blog eu ja te disse
3 - Amei que vc voltou a postar
4 - E mais que tudo isso, amei a foto!!!

Te amo!!!

Dani disse...

Caraca!!!! Te lembrou o Paulo? Tá longe de ser alguma coisa que nem as dele!

Que foto que tu amou que eu não entendi?

E EU AMO VC!

Unknown disse...

Primeiro eu achei que fosse um lance espírita. Depos eu tbm lembrei do Mente Brilhante.

Curti o texto, muito bem!

bjos Dani.

Ah, ficou lindo o teu blog, heheh!

Paulo disse...

Dani, você se superou com esse post. Foi como eu te disse antes, aquele texto que a gente fica se roendo por não ter tido a idéia antes. Amei!

Beijos!